Como as Primeiras estórias alunissaram em sueco
Marcia Sá Cavalcante Schuback
O presente texto apresenta uma reflexão sobre a tradução literária e poética surgida com base no meu trabalho de tradução para o sueco das Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, feito em parceria com Stefan Helgesson. Ao longo deste trabalho, foi possível descobrir que talvez o maior problema das teorias da tradução seja a insistência em chamar de tradução essa experiência da linguagem. Mostrou-se que traduzir é procurar dizer o dizer, é estar com a palavra na ponta da língua, voz embargada e entalada e, por vezes, a palavra acontecer como lua que é a cheia. Durante a tradução desse livro de Rosa, foi igualmente possível entrever que cada estória é ela mesma uma delicada teoria da tradução que redefine a tradução como vertigem de se estar na iminência da palavra, abismando-se à beira dos abismos da linguagem.