Augusto de Campos em alemão – trajetória de um projeto tradutório

Simone Homem de Mello

O artigo aborda o processo de tradução para o alemão dos poemas de Augusto de Campos reunidos na antologia Poesie (2019). A peculiaridade da iniciativa e do processo de edição dessa coletânea é contextualizada por meio da elucidação da diferença entre o lugar da poesia concreta nos sistemas literários do Brasil e da Alemanha, países nos quais surgiram concomitantemente, nos anos 1950, as primeiras manifestações poéticas daquilo que se tornaria um movimento internacional de vanguarda na década de 1960. A tradutora da obra expõe a concepção da antologia e os diferentes tipos de tradução dos poemas em questão, publicados por Augusto de Campos entre 1951 e 2001. Também conjectura – criando respectivamente os conceitos “ultradução” e “retrotradução” – sobre o adensamento de referências e relações internas em alguns poemas traduzidos e sobre a possibilidade de poemas do autor conterem eventuais substratos poéticos de modernistas alemães traduzidos por ele, como Rainer Maria Rilke e August Stramm, algo que se revelaria com maior nitidez nas traduções para o alemão. Por fim, comenta a necessidade de um projeto tradutório que faça jus ao dinamismo conceitual das poéticas de vanguarda, em especial, da poética concreta.