A mão do autor: arquivos literários, crítica e edição

Roger Chartier

Perguntando-se por que o Deutsches Literaturarchiv Marbach estabeleceu a data de 1750 como o ponto inicial para a sua coleção de documentos, este artigo analisa como e por quê chegaram a nós os manuscritos autógrafos existentes de autores europeus modernos; e que mudanças nas categorias filosóficas, estéticas e jurídicas definiram, em meados do Setecentos, um novo regime para a composição, publicação e apropriação de textos. A partir de mudanças no direito de autor e, mais amplamente, na própria categoria de autor, os manuscritos autógrafos passaram a ser valorizados como garantia da autenticidade de uma criação única e original. Desde então, os arquivos literários proliferaram, com efeitos amplos sobre as práticas editoriais e a crítica literária.

Palavras-chave: arquivos literários; autor, manuscritos autógrafos; europa; idade moderna.


Why did the Deutsches Literaturarchiv Marbach establish 1750 as the inital date for its collection? This paper analyzes firstly how and why modern European autograph and authorial materials survived up to our days; and secondly to which extension the constitution of literary archives in mid-1700s was linked to the construction of philosophical, aesthetic and juridical categories that defined a new regime for the composition, publication, and appropriation of texts. Changes in copyright laws associated with a broader change in the categorie of authorship led to attributing an increasing importance to autograph manuscripts as a guarantee for authenticity. The proliferation of literary archives since then produced broad effects on editorial practices and literary criticism.

Keywords: literary archives; authorship; autograph manuscripts; Europe; Modern Age.