Imagens de uma cidade submersa: o Rio de Janeiro e suas enchentes na memória de escritores e fotógrafos

Andréa Casa Nova Maia

O contraste entre a cidade celebrada e cidade submersa não é novo no Rio de Janeiro. Enchentes eram familiares aos moradores da cidade já no século XIX e vêm se repetindo, com crescente intensidade, ao longo dos séculos XX e XXI. Os alagamentos colocavam em evidência a fragilidade da administração pública, os conflitos sociais, a superficialidade das reformas urbanas e o impacto ecológico da urbanização acelerada. O artigo tem por objetivo estudar como a grande imprensa carioca documentou esses desastres “naturais” no ambiente urbano, o desenvolvimento da relação entre cidade (estado e sociedade civil) e natureza no Rio de Janeiro, procurando também discutir em que medida foi-se construindo um imaginário sobre a enchente nessa capital, tanto pela mídia, quanto nas memórias de seus habitantes, especialmente durante a Belle Époque.

Palavras-chave: memória; enchentes; Rio de Janeiro; Belle Époque; cultura visual; revistas ilustradas.


The contrast between the celebrated city and the flood-prone city is not new in Rio de Janeiro. Flooding was familiar to city residents in the 19th century, and it has increased in intensity and frequency over the 20th and 21st centuries. Urban floods highlighted the fragility of public administration, social conflicts,the fragility of urban reforms and the ecological impact of rapid urbanization. By using analyses of newspapers and magazines, this article studies how the floods entered the imaginary of the residents of Rio de Janeiro, shaping the way residents and journalists remembered the city, especially during the Belle Époque.

Keywords: memory; floods; Rio de Janeiro; Belle Époque; visual culture; magazine.