Entre arte e ciência, a invenção

Eneida Maria de Souza

Com o objetivo de discorrer sobre a prática de um saber de segunda mão e afeito à bricolagem, o que caracteriza, em grande parte, o trabalho da crítica e da literatura nos dias atuais, pretendo desenvolver a relação entre arte e ciência sob o prisma da invenção. Preservados os limites da propriedade artística, mas incorporando à criação os acontecimentos inesperados e a improvisação, é possível considerar que a categoria do novo já se reveste de outras dimensões, menos vanguardistas e mais ligadas à releitura da tradição. No domínio científico, a objetividade e a originalidade pretendidas pelo saber moderno cedem lugar à troca transdisciplinar, ao enfraquecimento do poder autoral e à valorização do trabalho coletivo e em equipe.

Palavras-chave: Mário de Andrade; Lévi-Strauss; bricolagem; arte; ciência; Didi-Huberman.


With the aim of arguing the case of a bricolage-prone, second-hand mode of knowledge, which, to a large extent, marks the present-day work of criticism and literature, I seek to elaborate on the relationship between art and science under the prism of invention. Respecting the limits of artistic propriety, but incorporating unexpected events and improvisation to the act of creation, it is possible to consider that the category of the new is already layered with other dimensions, less avantgardist and more closely connected to the rereading of tradition. Within the scientific domain, the objectivity and the originality intended by modern knowledge are sidelined by transdisciplinary exchanges, the weakening of authorial power and the valorization of team and collaborative work.

Keywords: Mário de Andrade; Lévi-Strauss; bricolage; art; science; Didi-Huberman.