Misteriomania: difusão e limites da globalização cultural no século XIX
Marie-Ève Thérenty
Neste artigo, o propósito é estudar o fenômeno de circulação, de tradução e, sobretudo, de adaptação mundial dos Mystères de Paris, de Eugène Sue, publicado no Journal des Débats em 1842-1843. Esse romance provocou o aparecimento de centenas de romances, dele derivados, em praticamente todos os países do mundo: The mysteries of London, por G. Reynolds (1844-1848), The mysteries and miseries of New York, de Ned Buntline (1848), Os mistérios de Lisboa, de Camilo Castelo Branco (1854), Os mistérios do Rio de Janeiro, de Antônio Machado Braga (1866). Tentamos aqui mostrar as modalidades e os motivos desse primeiro e denso fenômeno de globalização cultural. De que modo tal matriz peculiarmente instável dos mistérios urbanos revela não só a globalização literária como também a nítida resistência das particularidades, das lógicas e das séries locais?
Palavras-chave: globalização; mundialização; folhetim; literatura popular; século XIX; ficção.
This article focuses on the world circulation, translation, and, most of all, adaptation of Eugène Sue’s Les mystères de Paris (The mysteries of Paris), first published serially between 1842 and 1843 in the Journal des Débats. It triggered the writing of hundreds of similar novels all over the world: The mysteries of London, by G. Reynolds (1844-1848), The mysteries and miseries of New York, by Ned Buntline (1848), Os mistérios de Lisboa, by Camilo Castelo Branco (1854), Os mistérios do Rio de Janeiro, by Antônio Machado Braga (1866), among many others. In this article, we try to grasp the modalities and reasons for this first mass phenomenon of cultural globalization. To which point does the particularly unstable matrix of urban mysteries reveal both the literary globalization and the clear resistance of local particularities, logics and serials?
Keywords: globalization; feuilleton; mass literature; 19th century; fiction.