O mal e o bem de editar (criticamente) com expectativas
Ângela Correia
Neste artigo são apresentados três casos de crítica textual aplicada à literatura portuguesa em que as expetativas de editores os levaram a fazer opções questionáveis e um caso em que, pelo contrário, uma expetativa permitiu melhorar uma edição. A reflexão sobre esses casos, cujo resultado é contraditório, leva a concluir que o mal e o bem não residem nas expetativas que orientem o editor, mas na gestão que esse faça das suas expetativas: quer na reflexão dos funda- mentos que elas tenham e que, na verdade, lhes conferem valor diferente, quer no escrutínio a que são submetidas na fase de teste do trabalho científico. Em última análise, prova-se que consciência e método são fundamentais no processo de edição crítica, em que a experiência e o conhecimento acumulados do editor trazem inevitavelmente expetativas a gerir.