Cinema shakespeariano

Roberto Ferreira da Rocha

O objetivo deste ensaio é relacionar três filmes de três diretores cinematográficos com temas da dramaturgia shakespeariana, e, principalmente, as tragédias Hamlet (c. 1602) e Macbeth (c. 1606): A marca da maldade (Touch of evil), de Orson Welles (1958), Kagemusha, a sombra do samurai (Kagemusha), de Akira Kurosawa (1980) e Os deuses malditos (La cadutta degli dei), de Luchino Visconti (1969). Tais obras não são propriamente adaptações de Shakespeare, mas não deixam mesmo assim de estabelecer relações hipertextuais com sua obra. Essas relações referemse aos temas, à caracterização dos personagens e às estruturas dramáticas dos filmes. Dessa forma, pretende-se ampliar a pesquisa das relações entre literatura e cinema. O conceito de Gerard Genette de hipertextualidade (1982) é assumido aqui como quis seu criador, isto é, como característica universal da literariedade.

Palavras-chave: literatura; cinema; adaptação; hipertextualidade; William Shakespeare (1564-1616).


The aim of this paper is to relate three films of three different directors with William Shakespeare’s dramaturgy, mainly two of his best known tragedies, Hamlet (c. 1602) and Macbeth (c. 1606). The three films are Orson Welles’s Touch of evil (1958), Akira Kurosawa’s Kagemusha (1980) and Luchino Visconti’s The damned (La caduta degli dei, 1969). Those films are not adaptations of Shakespeare’s plays properly, nevertheless they establish hypertextual relationships with the dramatist’s work. Those directors appropriate and rework Shakespeare’s themes, characterizations and plot structures. Thus, I intend to further the research of the relations between cinema and literature. Gerard Genette’s concept of hypertextuality (1982) is here understood as an universal characteristic of literariness.

Keywords: literature; cinema; adaptation; hypertextuality; William Shakespeare’s 1564-1616).